Jesus – parte 8

Série: O EVANGELHO SEGUNDO JESUS / Tema: O Evangelho de Jesus Cristo;

Infelizmente vivemos hoje um tempo em que a igreja evangélica passa por uma verdadeira crise de identidade. No NT vemos a palavra “cristão” ou “crente” apenas 3 vezes, enquanto que “discípulo” aparece 260 vezes. “Salvador” (que tem relação à ideia de crente, bênçãos e etc…) aparece 24 vezes e “Senhor” (que tem relação à discípulo, renúncia, obediência e etc…) aparece 700 vezes. Qual a ênfase de Cristo que estamos dando às pessoas? A do Salvador e crente ou a do Senhor e discípulo?

Na Igreja primitiva vemos que os irmãos eram conhecidos como discípulos. Hoje lamentavelmente somos identificados como crentes, evangélicos… Uma boa parte, pra não dizer ser a maioria, das pessoas concorda com a verdade a respeito de Jesus ser nosso Salvador para terem o direito de receber os benefícios do sacrifício da cruz e as promessas contidas na Bíblia. Mas não há compromisso com o Senhor, proclamamos que Ele é nosso único Senhor, mas não aceitamos o senhorio de Jesus. É ou não é uma terrível crise de identidade a que vemos atualmente? Mais de 90% dos que aceitaram a Jesus um dia não se enxergam como discípulos, mas como evangélicos, crentes e em alguns casos como servos e amigos do Senhor; e só.

Mas se chegamos a esse ponto agora é porque a raiz foi plantada já há algum tempo no tipo de mensagem que vem sendo pregada. Se enfatizamos o “Salvador” apenas, vamos criar crentes consumidores de bênçãos; se enfatizamos o Senhorio de Cristo gera-se discípulos, pessoas comprometidas pessoalmente com a Verdade e com a Igreja (entenda-se por Igreja: corpo de Cristo e não templo ou denominação). O Evangelho de Jesus não pode continuar sendo negociável e adaptável àquilo que as pessoas buscam, que as façam sentir-se bem, criando uma segurança que na verdade não é real, uma fé fácil; precisamos enfatizar e deixar bem claro àqueles que um dia fizeram uma oração e pediram que Jesus entrasse em seus corações, que Ele está assumindo uma vida de mudanças morais, além do abandono diário do pecado e a renegação da impiedade. Quando não transmitimos isso, acabamos obscurecendo a mensagem da cruz, fazemos com que a fé dos ouvintes seja baseada em sentimentos e as pessoas acabam por adicionar obras à fé.

Podemos expor o conceito do Evangelho segundo Jesus através de inúmeras passagens nos evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João. Mas peguemos o Sermão do Monte (Mateus 7.13-27) como exemplo, pois é uma passagem bem conhecida entre todos, inclusive por não cristãos. Ao término do sermão, Jesus enfatiza que os ouvintes inevitavelmente optem e adotem atitudes em relação ao que Ele ensinou nos capítulo 5 a 7. Veja que Jesus está sempre utilizando a ideia de 2 grupos: um majoritário e outro minoritário e também 2 destinos: a perdição e a vida eterna. Ele ressalta que a salvação é uma decisão que tem relacionamento direto com o Seu Senhorio e não pode ser algo momentâneo e sim definitivo e que implica em consequência contínuas eternas:

a) Duas portas: a estreita e a larga (Mateus 7.13). Há um errada e a outra é a certa. Aqui Jesus não compara, mas exige uma decisão por uma ou outra, não há meio termo, não há espaço para placas, crenças, doutrinas ou qualquer espécie de sistema de méritos humanos; não há como continuar carregando uma bagagem de auto justiça ou algo do gênero, pois Cristo é suficiente e nos basta; a questão é completa e absolutamente pessoal: você não entra no Reino como ou por ser parte de uma comunidade ou denominação.

b) Dois caminhos: o estreito e o espaçoso (Mateus 7.14). Optando pela porta certa, você deve então escolher o caminho que quer seguir. Se quiser o espaçoso, fique tranquilo, pois ele não irá pedir que você faça nada, já que é o caminho natural do mundo e também mostrado pelas religiões em massa. Já se você escolher o caminho apertado, este vai requerer de você novos princípios, mudança de caráter, auto negação, identificação com Cristo, entrega, obediência além do que você poderá sofrer perseguições… Não é uma caminhada fácil e a opção é só sua, mas não é difícil decidir: a escolha por uma das portas e por um dos caminhos é o que decide nosso destino.

Na Palavra vemos que:

. Jesus é a porta que leva ao caminho estreito. Por isso Ele confrontou uma multidão bajuladora (Lucas 14.25-27; 33);
. Jesus questionou a fé dos que se auto denominavam discípulos (João 6.64);
. Jesus exige submissão total ao Seu Senhorio.

c) Duas fachadas: a verdadeira e a falsa (Mateus 7.15-20). Aqui vemos que de nada adianta se ter uma excelente teologia ou oratória, o que importa é a escolha entre a Verdade ou a mentira. Lembremos que na Bíblia diz que devemos ter cuidados com os falsos mestres que também dizem: “Senhor, Senhor”. Os falsos mestres escondem-se por detrás de uma fachada de piedade cristã; você reconhece quem é quem pelos seus frutos; usam o nome do Senhor para fazer coisas que não são jamais do agrado de Deus e o que pregam não está de acordo com as Sagradas Escrituras.

e) Duas atitudes (Mateus 7.21-23). Temos de optar pelas atitudes que teremos para com o Senhor e então expressá-las com os lábios e com a própria vida. Falar apenas não é o suficiente, pois nosso exemplo de vida fala mais alto. Possuir dons, ser carismático, fazer coisas aos olhos humanos tidas como sobrenaturais não quer dizer que essa pessoa é do conhecimento do Pai. Sermos usados por Deus não significa que somos aprovados por Ele!

e) Dois alicerces: a rocha e a areia (Mateus 7.24-27). Ao final do Sermão do Monte Jesus exige uma decisão dos ouvintes: em qual dos alicerces vamos construir nossas vidas: sobre a rocha ou sobre a areia? A diferença toda está contida no alicerce, embora ele não seja visível. A questão primordial aqui não é se somos ouvintes da Palavra de Deus, mas se a vivemos em nosso dia a dia, diante das mais variadas circunstâncias, locais e pessoas.

Não devemos ceder às pressões de sermos simplesmente crentes, frequentadores de igreja, com uma fé superficial e que tem uma vidinha comum. Temos que nos comprometermos a cada dia com a mensagem da Cruz do Calvário e procurarmos viver no sobrenatural de Deus. Não aceitemos negociar o sacrifício de Jesus em prol de todos aqueles que crêem em troca de um ensinamento de “entretenimento”, “modismo” em detrimento do caráter de um verdadeiro cristão.

Publicado por Sílvia Rizzuto

"Minha religião é o amor a todos os seres vivos." (Leon Tolstoi)

3 comentários em “Jesus – parte 8

  1. Aos puros e humildes, paz, misericórdia, justiça, benevolênica e amor.

    Na verdade o que opera hoje está descrito em:

    II TESSALONICENSES 2
    7 Pois o mistério da iniqüidade já opera; somente há um que agora o detém até que seja posto fora;
    8 e então será revelado esse iníquo, a quem o Senhor Jesus matará como o sopro de sua boca e destruirá com a manifestação da sua vinda;
    9 a esse iníquo cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás com todo o poder e sinais e prodígios de mentira,
    10 e com todo o engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para serem salvos.
    11 E por isso Deus lhes envia a operação do erro, para que creiam na mentira;
    12 para que sejam julgados todos os que não creram na verdade, antes tiveram prazer na injustiça.

    Mas em nós, prouve a Deus resplandecer a luz da verdade que é o Espírito Santo, nosso ajudador e consolador.

  2. .

    Graça, e paz, e amor vos sejam multiplicados.

    Irmã Silvinha,

    Certamente, a chamada “igreja” ou “sistema religioso” vem ao longo dos anos sendo promulgada através do ensino que distancia o “homem” de Deus e o aproxima das coisas desta vida material… (seu texto exímio, dá suporte ao meu “Igreja física, igreja local, igreja nos lares, e a Igreja de Cristo”).

    Outrossim, quanto ao vosso questionamento:

    vc sabia q existe uma denominação não pentecostal chamada “Igreja de Cristo”? tenho amigos que são dessa denominação, que não é nova, já existe há muitos e muitos anos;

    Agradeço-te pelo esclarecimento, já fiz um alerta no blog.

    o que é então a adoração pra vc? pergunto pois vc comentou que os cânticos iniciais das reuniões não podem ser chamados assim; particularmente entendo que eles são parte da nossa adoração à Deus e não a adoração em si. o que o irmão pensa a respeito?

    Adorar a Deus, ou nossa adoração a Deus, não se firma pela liturgia que encontramos nas “igrejas templos”, pois, o que eles fazem não tem respaldo bíblico, o verdadeiro adorador, o qual é procurado por Deus, é aquele que adora em espírito e em verdade, e não por cantar músicas com letras que falam Jesus, Deus, etc… e como eu disse no texto e nos ensina a sã doutrina, devemos apresentar nossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o nosso culto racional [Romanos 12]; portanto, não contemplo pela Palavra de Deus que cantar músicas que na letra falam de Jesus sejam parte da adoração;

    Os “cânticos espirituais” ressaltados pela Bíblia são diferentes dos que encontramos nas “igrejas templos”, porque, eles usam, como eu disse, “cânticos musicais”, são músicas como outra qualquer, é barulho, gritaria, pula-pula, ou seja, quando meditamos nos “cânticos espirituais” notamos que eles são mais que simples músicas; nossa adoração, quando estamos juntos, diz Efésio, “Falando entre vós em salmos, e hinos, e cânticos espirituais; cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração” (faço referência que Paulo nos ensina “cantando” no coração).

    Aliás, no sentido das músicas e cantoria, a Palavra de Deus nos traz algumas advertências:

    “Afasta de mim o estrépito dos teus cânticos; porque não ouvirei as melodias das tuas violas.” [Amós 5];
    “Este povo se aproxima de mim com a sua boca e me honra com os seus lábios, mas o seu coração está longe de mim” [Mateus 15].

    Deus a abençoe e aos seus ricamente.

    Por Cristo. Em Cristo. Para Cristo. Nos interesses de Sua Igreja.

    Fraternalmente,

    irmão James.
    Jesus, o maior Amor
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